27 agosto 2011

Natureza em abundância...


Simplesmente olhemos para a existência e sua abundância…

Qual a necessidade de tantas flores no mundo? Apenas rosas bastariam…

Mas a existência é farta… milhões e milhões de flores, milhões e milhões de pássaros, milhões de animais… tudo em abundância…

A natureza não é ascética, ela está dançando em toda a parte… no oceano, nas árvores.

Está cantando em toda parte, no vento passando através dos pinheiros, nos pássaros…

Parece que não há necessidade, excepto que a abundância é a própria natureza da existência, que a riqueza é a sua própria essência… que a existência não acredita em pobreza.

Só o ser humano acredita em pobreza e por isso sofre…

Vive na inconsciência, completamente ignorante a respeito de sua origem divina… nasceu para viver na mesma abundância das flores, das plantas e dos pássaros…

É filho do infinito, mas comporta-se como mendigo, encoberto pela própria escuridão…

Não existimos separados da natureza, somos um só… uma única energia!

Somos aceites por todo o universo… deleitemo-nos nele!

Somos aceites pelo Sol, somos aceites pela Lua, somos aceites pelas árvores, somos aceites pelos oceanos, somos aceites pela terra.
O que mais queremos?

Nascemos para as grandes alturas…

Voemos sem medo, porque somos o infinito!

Assim como tudo na natureza, somos um ser absolutamente sagrado!

Nunca nascemos e nunca morremos… apenas passamos pela terra… como um perfume… para ensinar o amor.


Se crescemos com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma…

07 agosto 2011

Ao pé do Farol não há luz...


Os pais fazem dos filhos, involuntariamente, algo semelhante a eles, a isso denominam “educação”.

Li, certa vez que, ao pé do Farol, não há luz.

Mas, e o que dizer, quando falamos não de uma proximidade geográfica, mas emocional, como na relação entre pais e filhos, por exemplo?


Somente hoje, vejo o suficiente para enxergar, com relativa nitidez, a luz do Farol dos meus pais e para compreender a liberdade acolhedora de seu amor que, antes, eu percebia como sufocante e limitador.

Foi preciso "atirar-me" ao mar, navegar nas ondas e intempéries daquilo a que chamamos vida, para vislumbrar não somente em que me tornei, mas também para reconhecer a segurança do porto de onde parti.

Só assim pude entender não apenas o que hoje sou, mas de que raízes brotei...

Já Kahlil Gibran diz “Vossos filhos não são vossos filhos. São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma.”

Como todos os jovens, sempre clamamos por liberdade. E, como todos os jovens, ignorantes e esquecidos dos perigos do desconhecido, enxergava apenas o mar que à minha frente se expandia.

Instintivamente sempre temos em mente a ideia “Deixa-me viver, concede-me a liberdade plena da experiência.”

Lembro que toda vez que discutimos com os nossos pais sobre liberdade, eles nos falam dos perigos que a vida nos reserva.

Mas eu, que estava ao pé do Farol, enxergava apenas a beleza do horizonte e os meus olhos não percebiam a dureza do percurso...

Os filhos crescem, amadurecem, e percebo que, muitos pais, continuam a tratá-los como se tivessem sempre a mesma idade, a mesma mentalidade, as mesmas fraquezas...

Como hoje eu entendo que, para aprender a navegar, precisamos desafiar os tormentos e as borrascas do mar, é chegada a hora de aceitar um dos inevitáveis desígnios da vida: se estamos ao pé do Farol, só podemos ver a luz se entrarmos mar adentro...


E o melhor que nos podem fazer, é desejar-nos boa viagem.

E torcer para que carreguemos connosco um pouco das nossas raízes…

“Acreditar que basta ter filhos para ser um pai é tão absurdo quanto acreditar que basta ter instrumentos para ser músico."
Mansour Chalita